domingo, 24 de maio de 2009

De regresso a Weber?


O verdadeiro impulso para o regresso de uma certa apologia dos valores tradicionais reside na crise do subprime ou estaremos a assistir a uma reconfiguração do sistema capitalista e a sua busca incessante de novas oportunidades de expansão? Mais uma vez recorremos a Weber apropriando um discurso que não nos parece de todo desfasado dos momentos que vivemos no presente, a questão que colocamos é se estaremos actualmente (a presença insistente da igreja na comunicação social, após a crise do subprime) perante o regresso de um certo puritanismo “cujos representantes (…) [são] profundos inimigos deste tipo de capitalismo de comerciantes, intermediários e mercadores coloniais, protegido pelo Estado, [opondo-lhes] (…) as motivações individualistas da aquisição racional e legal, fruto da capacidade e iniciativas individuais”? e cujos objectivos de lucro têm presente uma determinada ética capitalista ou, por outro lado, se estaremos a assistir à instrumentalização do puritanismo como forma de reconfiguração do sistema. O regresso da velha ordem tradicional, adaptada ao tempo presente, de que forma poderá ser discutida e racionalizada pelas correntes mais emancipatórias, críticas e que tenham como objectivo estratégico a racionalização da acção de um bem-estar efectivo para todos? Esta luta deverá travar-se fora ou dentro do Estado? O espírito de iniciativa não deverá ser incentivado tendo em vista um determinado finalidade humana? Deixamos estas questões no ar, como desafios e pontos de partida para uma reflexão apoiada numa discussão teórica que se amplia através da acção social.
Fonte:
WEBER, Max (1996). A Ética protestante e o Espírito do Capitalismo. Lisboa: Presença.

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