sexta-feira, 12 de março de 2010

Movimento da Educação Nova

As discussões teóricas sobre a crise do modelo escolar tradicional remontam aos finais do século XIX. Um dos seus representantes mais propalados foi o Movimento da Educação Nova de Adolphe Ferrière, cuja influência se propagou a várias instituições escolares da Europa.
O Movimento da Educação Nova pretendeu ser uma alternativa à escola tradicional e influenciou algumas instituições privadas também em Portugal(1) que se reviam nos seus ideais, finalidades e objectivos. Não se pode falar num programa único e extensivo a todas as escolas, mas apenas de finalidades comuns, implementadas de forma pouco ortodoxa. Destaque-se, no entanto, a sensibilidade para uma educação centrada na experiência pessoal do educando, visando fomentar a sua autonomia e um recurso a práticas activas, através de trabalhos manuais educativos, por exemplo. O Movimento da Educação Nova pretendia, fundamentalmente, ultrapassar as dicotomias entre o trabalho manual e o intelectual, imprensa escolar e manual culturalmente hegemonizante, e fomentar uma atitude de respeito pelas diferenças culturais através da troca de correspondência interescolar, bem como a utilização dos meios audiovisuais no processo de ensino como forma de estímulo à criatividade(2).
Os modelos propostos pelo Movimento da Educação Nova visavam apresentar propostas diferenciadas à educação tradicional, culturalmente homogénea e apelando a uma atitude passiva por parte do educando. O Movimento nutria uma atitude de desconfiança face ao modelo escolar tradicional, considerando-o desadequado em relação a públicos caracterizados pela heterogeneidade e diversidade cultural(3).
Os ideais da Escola Nova e de tentativa de democratização da escola encontraram em Portugal, por variadíssimas razões, um obstáculo ideológico o regime do Estado Novo.
(1) Em FIGUEIRA, M. H. (1999: 7-8) enumera-se a fundação em Portugal, entre 1902 e 1928, de alguns colégios cujos ideais eram análogos aos do Movimento da Educação Nova, entre os quais Colégio Liceu Figueirense, na Figueira da Foz (1902); A Escola Prática Comercial Raul Dória, no Porto (1902); Colégio da Boavista, no Porto (1905); A Escola-Oficina N.º 1, em Lisboa (1907); O Colégio Moderno, em Coimbra, A Escola Comercial António da Costa, em Vila Nova de Oliveirinha (1910); O Jardim Colégio, em Lisboa, O Instituto Moderno, no Porto (1914); A Escola Nacional de Agricultura, em Coimbra (1919); Bairro Escolar do Estoril, no Monte Estoril e Colégio Infante de Sagres, em Lisboa (1928). O artigo foi publicado na revista Escola Moderna, órgão de divulgação das actividades educativas do Movimento Escola Moderna (MEM), cuja constituição data dos anos 60, e cuja formalização jurídica ocorreu em 1976, Diário da República 26/11/1976, no texto de apresentação do MEM poderá ler-se o seguinte: “Constituído por mais de dois mil profissionais empenhados na integração dos valores democráticos na vida das escolas, encontra-se hoje espalhado por quase todo o país e organiza-se em 17 Núcleos Regionais”.
(2) FIGUEIRA, M. H. (1999: 8).“Nada foi inventado propositadamente para uso da escola. O que a Escola Nova fez foi incorporar estas tecnologias, adaptar-lhe o uso e pô-las ao serviço da educação, interligando assim a vida intra-escolar com a vida extra-escolar.” FIGUEIRA, M. H. (1999: 9).

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