segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O que é o pedagogismo?

"O pedagogismo é, basicamente, a crença ingénua, de que pela educação, pela escola, pelo pensamento educacional vamos revolucionar as coisas e mudar a sociedade e a economia. Creio que, hoje, nenhum educador crítico, nenhum especialista em educação é ingénuo a este ponto. Mas o que verificamos hoje é a ocorrência de um pedagogismo no sentido contrário, um pedagogismo que critica o pensamento educacional, as novas pedagogias, as pedagogias democráticas, um conjunto de ideias feitas, e o que se critica são estas pedagogias que dizem que a escola deve ser hedonista, que não há esforço. Mas eu nunca li isto na pedagogia crítica.Leiam-se os textos do Paulo Freire sobre o acto de estudar, é um acto difícil, requer disciplina, esforço, imenso trabalho. Confesso que não sei de onde vem esta leitura tão unilateral, e portanto ideológica, relativamente à pedagogia. O pedagogismo destes sectores é um pedagogismo no sentido contrário, tão criticável como o outro. Eu critico ambos. Dizem-nos que se apostarmos na formação profissional, na formação contínua, na formação para a empregabilidade, nas competências para competir, nas qualificações certas, vamos resolver os nossos problemas de competitividade económica, de produtividade. Isto é um verdadeiro pedagogismo. Mas alguém está convencido disto? Se está é de uma ingenuidade e de uma ignorância totais. Se não está, é de uma má fé extraordinária porque faz o discurso sabendo que não é verdadeiro. Realmente, não podemos hoje subordinar a educação de adultos e a educação em geral a elementos de formação e de ajuste às necessidades do mercado de trabalho, da economia, apenas porque não vamos lucrar nada com isso. As necessidades do mercado de trabalho e da economia são fluídas, mudam com uma enorme rapidez e a educação não consegue acompanhar nem é bom que acompanhe, porque a educação é importante se dialogar criticamente com estes sectores e com os nossos problemas. A educação não pode ficar de costas voltadas para os problemas do trabalho, da economia, da cidadania. Mas também não pode, por outro lado, dialogar com estes problemas numa posição absolutamente subordinada, de ajustamento."
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